O ano novo trouxe uma nova casa e uma nova vida a três irmãos de Ribeirão. A viver em condições deploráveis há vários anos, por entre a miséria de uma casa sem condições, a toxicodependência de dois deles e até a fome, o futuro parece agora mais risonho.
Amparados por Helena Couto, proprietária do local quase em ruínas a que chamavam casa, e com a ajuda da Associação de Solidariedade ARIAN-Vida, iniciaram uma nova etapa das suas vidas. Que começou pelo internamento voluntário em instituições de recuperação de dependências. «Tanto insistimos com eles, que decidiram entrar em tratamento. Prometi que se se tratassem, iria recuperar a casa para que tivessem mais condições», lembra Helena Couto.
O plano inicial passava por um período de internamento de ano e meio, mas cerca de três meses depois voltaram a casa. A ARIAN-Vida tomou conhecimento deste caso por uma voluntária da instituição e resolveu intervir para ajudar a dar um novo início à vida destes homens de 37,38 e 39 anos. «Toda a gente tem direito a uma habitação condigna e não faz sentido que, sabendo nós das condições degradantes em que viviam, virássemos costas e não fizéssemos nada para ajudar», explica o presidente da associação.
Cimento, areia, placas de madeira para forrar os tectos, tijoleira para o chão e paredes, tintas para pintar, loiças sanitárias e até ferragens foram conseguidas através da doação por parte de empresas, como a Robbialac, a RibeiBritas, a Trifitrofa, o Mercado da Obra e a Techniwood, e particulares, sobretudo mobiliário e equipamento para a casa, como lençóis, pratos e talheres. «No fundo a ARIAN acabou por agir como aglutinadora de esforços, tendo feito os contactos e angariado os elementos necessários a esta recuperação», indica o presidente.
A mão-de-obra, essa, ficou a cargo dos próprios moradores da casa e do trabalho voluntário, tanto de familiares de Helena Couto, como de sócios da ARIAN-Vida, que cederam o seu tempo a esta causa. «Houve muita gente com quem falei que me disse que ajudava mas a verdade é que, na altura, ninguém apareceu», refere Helena Couto. «Sei inclusive que houve uma pessoa que andou, alegadamente, a recolher dinheiro em nome desta recuperação, mas nunca recebi nada», acrescenta.
Hoje, sem trabalho certo mas no bom caminho para se recuperarem, os dois toxicodependentes em recuperação e o irmão mais velho deixaram para trás o banho tomado numa bacia, o telhado com buracos, o chão em terra e as paredes negras das fogueiras que acendiam para se aquecerem no Inverno e têm agora uma casa condigna a partir da qual podem recomeçar uma nova etapa da vida. «A casa de banho era uma coisa que fazia mesmo falta», revela Manuel Martins Abreu, um dos moradores da casa.
«É uma nova casa que, esperemos, signifique um recomeçar de uma vida melhor para estes homens», conclui o presidente da ARIAN-Vida.
Uma imagem ilustrativa da "banheira" destes jovens...
A "casa de banho" antes...
O aspecto da casa de banho depois da intervenção!